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Inaugurando o calendário cultural de 2024, o ICBJ realizou na tarde do dia 23 de fevereiro a primeira edição do Cine ICBJ, uma das mais antigas atividades culturais do Instituto. No dia de sua primeira realização, o evento se prestou à exibição de um filme japonês e uma discussão mediada pelo professor Douglas Almeida, minuciando os meandros da análise fílmica japonesa. A dinâmica configura o formato padrão do evento para as suas próximas edições.

O filme escolhido para esta exibição foi “Hitokiri“, lançado em 1969 e dirigido por Hideo Gosha. O filme conta a história de vida de Okada Izo, um dos personagens pivôs da ebulição que tomou conta das ruas de Kyoto nos finais do xogunato Tokugawa. O começo do Bakumatsu (literalmente, “fim do Bakufu”) se deu com a chegada do Comodoro Perry em 1853, que à época foi um sinal de enfraquecimento do governo e suscitou descontentamentos antigos contra os Tokugawa, principalmente nos domínios de Chosu e Satsuma, que passaram a reivindicar a restauração do poder do Imperador.

Apesar desse cenário histórico ser o que possibilita a existência da trama, Hitokiri, assim como outras obras que se passam no mesmo período, fazem sucesso pela dramatização da trajetória de vida das personalidades mais famosas que entraram para a história, como é o caso aqui de Okada Izo. De origem camponesa, carente de instrução, mas com um talento excepcional como espadachim, Izo foi apadrinhado por Takechi Hanpeita, por quem passou a ser leal e usado como instrumento de força dos legalistas de Tosa contra o xogunato. Entre seus feitos como hitokiri e guarda costas, Hitokiri faz uma leitura dramática da vida de Izo, adicionando dilemas na narrativa que constituem parte do apelo do filme.

Com o encerramento do filme, o Professor Douglas prosseguiu com um comentário crítico do filme, feito com o auxílio de conteúdos que contextualizavam o momento em que o filme foi produzido, suas influências, a emergência do gênero chanbara de filmes samurai e o apelo narrativo do giri-nijo, respectivamente, o conflito interno entre fazer o que se espera ser feito e fazer aquilo que se quer que seja feito. Um conflito narrativo bastante relevante a uma sociedade como a japonesa, que leva muito a sério suas pressões e obrigações sociais em seu dia a dia, da família à escola até o trabalho e a vida pública.

Esta foi apenas umas de outras edições do Cine ICBJ que serão realizadas regularmente, então fica o convite para acompanhar as redes sociais do Instituto para notícias de novas atividades culturais!

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