Com o intuito de estimular a leitura e a difusão dos valores da cultura japonesa, o Instituto Cultural Brasil-Japão (ICBJ) lançou, neste ano, o Clube do Livro. Gratuito e aberto a todo o público, sua atividade fomenta o debate de algumas das principais obras literárias japonesas. A análise de temas, como a estética, a moralidade, história e costumes norteará cada encontro.
“Este clube representa muito para nós e é mais uma iniciativa do Instituto na promoção do saber. Ler permite o conhecimento de si mesmo e do outro, desvela os mistérios e encantos do mundo. Ler é uma arte, um diálogo com o universo do próprio autor. Ler está também nas entrelinhas, no não-dito. A leitura nos conduz por mundos desconhecidos, novos hábitos, novos costumes, novas concepções de vida, de sociedades, e isso tudo nos faz crescer”, justifica o diretor João Baptista de Oliveira.
Os encontros serão realizados mensalmente e pretendem apresentar formas de escrita e pensamento não apenas a especialistas e leitores da literatura japonesa, como também a escritores, jornalistas, historiadores e ao público em geral.
Entre os autores a serem estudados, estão nomes como Yasunari Kawabata, Prêmio Nobel de Literatura em 1968, Shusaku Endo, que inspirou o filme “Silêncio”, e Haruki Murakami, conhecido por sua escrita de aspecto mais ocidental e pop.
A atividade do Clube do Livro integra o Núcleo Tempo Literário ICBJ, dedicado à discussão de diversas publicações ligadas à cultura japonesa e que já conta com outras duas iniciativas: a Sexta-Feira de Cultura, voltada a produções acadêmicas recentes, e o Núcleo de Haikai, que estuda esse tipo de poesia.
DEPOIMENTOS
Mª Bernardina, segunda diretora cultural do ICBJ, professora e mestra em comunicação pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
“Sou pesquisadora de Cultura Brasileira e Japonesa e para mim, Ezra Pound tinha razão quando disse que ‘Literatura é linguagem carregada de significado. Grande literatura é simplesmente linguagem carregada de significado até o máximo grau possível’ (ABC da Literatura – Ezra Pound).”
Mateus Nascimento, mestrando em história social pela Universidade Federal Fluminense,
“Tenho interesse no Japão, sua história e cultura desde muito tempo! Na UFF pesquiso sobre a história moderna e contemporânea do Japão para tentar compreender a sociedade japonesa contemporânea e os fluxos culturais contemporâneos na relação Brasil-Japão. Me formei em História pela UFF em 2017 e logo ingressei na pós-graduação (mestrado em história social pela UFF) com o mesmo intuito, de continuar estudando o Japão em específico. Atuo também como pesquisador do Centro de Estudos Asiáticos-CEA-UFF (que ajudei a fundar em 2018), do Grupo de Estudos Japoneses – GEHJA – CEIA / UFF (desde 2013), do Núcleo de Estudos Tempo Literário do Instituto Cultural Brasil-Japão (desde de 2015) e como colaborador do Asian Club (IACS-UFF).”
Clara Rainho, estudante de graduação em História pela Universidade Federal Fluminense.
“Apesar de apaixonada por Literatura, ainda não tinha tido contato com a Japonesa em específico. Por também ter interesse em compreender melhor o país em si, sendo aluna de História e Cultura Japonesa no ICBJ, o Clube do Livro pareceu-me oferecer uma proposta perfeita de união entre lazer, estudo e oportunidade de fazer novos queridos amigos.
Gabriel Melo Vazzoler, estudante do curso de graduação em Economia na Universidade Federal Fluminense.
“Sempre fui apaixonado por literatura em geral, e queria participar de um clube do livro. Foi então que um amigo me convidou para conhecer o clube do livro do ICBJ sobre literatura japonesa. Confesso que não conhecia muita coisa de literatura japonesa, tendo apenas lido Botchan (Natsume Soseki), mas adorei participar da reunião e agora espero sempre ansiosamente pelas próximas!”
James Crawford Prado Junior, advogado, patrono das artes e escritor eventual.
“Desde a infância tinha muita simpatia sobre o Japão, principalmente em relação à sua tecnologia, música tradicional e sua culinária. Mas, no ano de 2018, senti que esse “amor secreto” precisava amadurecer, então decidi estudar japonês (idioma) e sem querer, descobri o projeto de clube de Leitura do ICBJ. Participei de abril a junho de um curso sobre gramática clássica japonesa como aluno ouvinte na UFRJ (Fundão). O clube de leitura do ICBJ me ajudou a me firmar como um japonista, indo além da imagem estereotipada que nos passam sobre esse povo milenar e conhecido por sua humildade, sabedoria e determinação.”
Misao Katayama Pessôa, economista aposentada e amante de literatura.
“Meu motivo de interesse em literatura japonesa é: conhecer a história, a cultura e os costumes do povo Japonês.”Peddro Paulo Ribeiro dos Santos, estudante de Letras na USP.
“Meu interesse por literatura japonesa começou com haikai/haiku. Há 4 anos co-fundei o grupo de haikai/haiku no ICBJ (ainda ativo). A partir daí, comecei a escrever haiku, cursar língua japonesa, ajudar nos matsuri (festivais), fazer peças em japonês, praticar shodo e agora faço parte do clube do livro. Sou cria do ICBJ! De tal modo que até mudei minha faculdade, da psicologia na UFRJ para Letras Português/Japonês na USP. Em suma, literatura (e a japonesa em específico) é meu ikigai!”
Silvana Castro Nicolli, arquiteta e urbanista, doutoranda em História Social da Cultura pela PUC-Rio.
“Meu tema de mestrado foi a arquitetura contemporânea, tomando como base o Movimento Metabolista de vanguarda moderna da arquitetura japonesa nos anos 1960. Tendo repercussão internacional, abriu caminho para que a arquitetura do país mantivesse o reconhecimento de qualidade que tem até hoje. Repito este giro da arquitetura japonesa para o mundo e vice-versa na tese de doutorado. Para tanto, a fundamentação cultural, enquanto relacionada à determinada visão de mundo, me serve de apoio para a compreensão dos conceitos teóricos arquitetônicos japoneses, justificando meu interesse no clube do Livro.”