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O 25 de julho de 2024 entra na história nipobrasileira como um dia de conquista de justiça para sua comunidade, razão de júbilo para o ICBJ. A Comissão de Anistia de julho deste ano trouxe um emocionante desfecho de uma jornada de reivindicações de justiça e pela memória de japoneses no Brasil que padeceram dos sofrimentos de uma guerra por eles não travada.

A história japonesa no Brasil e de sua descendência finalizou um ciclo importante em julho de 2024. Um ciclo no curto prazo, desde os 11 anos que se seguiram à Comissão da Verdade Rubens Paiva e que deu início à conscientização de capítulos turbulentos da história de vida dos imigrantes japoneses. Outro ciclo, este no longo prazo, que diz respeito a uma série de silêncios e reclusões formadas desde as violências sofridas durante e depois da ditadura do Estado Novo, até o momento presente, onde à comunidade nikkei é permitida, dentro e fora de si, dar voz a traumas geracionais diante de um órgão do mesmo Estado que outrora fora algoz de sua condição, agora a ela se retratando.

A mesa que compôs a Comissão de 25 de julho de 2024

Laços enfim remendados

Conforme noticiado por portais de notícias como o Correio Braziliense e o G1, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos aprovou no dia 25 de julho um pedido de reparação coletivo ao imigrantes japoneses, em nome do Estado brasileiro, referente às perseguições políticas e étnicas contra os japoneses que aqui habitaram entre 1938 e 1951. Apesar das relações entre o Brasil e o Japão terem sido reatadas posteriormente, na gestão de Juscelino Kubistchek, o assunto permaneceu intocado, relegado ao breu da memória das vítimas das injustiças varguistas e seus familiares.

Comunicado do ICBJ

O pedido de retratação, feito pela Associação Okinawa Kenjin do Brasil, seguiu-se à uma tentativa frustrada em 2021, quando a Comissão da gestão anterior negou o pedido. Após esse êxito em julho, o ICBJ, na figura do Presidente Sohaku Bastos, publicou uma carta aberta em parabenização aos esforços prestados pela memória nipo-brasileira. O teor desta carta você pode conferir a seguir:

“O Instituto Cultural Brasil-Japão vem manifestar, na presente CARTA ABERTA, suas congratulações a todos os envolvidos na importante conquista representada pelo pedido de retratação feita pelo Estado Brasileiro quanto as perseguições políticas durante e após a Segunda Guerra Mundial, contra imigrantes japoneses e seus descendentes. No dia 25 de julho de 2024 a Comissão de Anistia, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, aprovou tal reconhecimento e formalizou retratação. Conquista de tamanha envergadura não teria sido possível sem o esforço e resiliência de muitos, aos quais se prestam as maiores homenagens, destacando a importância do registro dos acontecimentos para que retratações nunca mais se façam necessárias.”

 Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2024
 Dr. Sohaku Raimundo Cesar Bastos
Presidente do Instituto Cultural Brasil-Japão

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