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O Instituto Cultural Brasil-Japão compareceu a Seropédica, no dia 5 de setembro, para participar da I Feira Cultural de Relações Internacionais, promovida pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro para um público-alvo muito especial: alunos do Ensino Médio das escolas públicas da região e estudantes de Jornalismo, Letras, Belas Artes e Relações Internacionais de seus próprios cursos.

O objetivo do Projeto da Feira Cultural, coordenada pelo Prof. Luiz Felipe Osório, era o intercâmbio da cultura e a tradição dos povos, com vista a promover-se o aprendizado de que “a paz é possível quando se conhece e se respeita a identidade cultural do outro”. A presença do Japão, entre outros países convidados, deveu-se também à passagem dos “110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil”.

O ICBJ fez-se representar, no evento, pelo 2º Vice-Presidente, Keizo Akamatsu; pelo Diretor-Secretário, João Baptista de Oliveira; pela Conselheira Alice Akamatsu; pela professora de origami, Leda Vaz, com sua auxiliar Vany Theofilo; e pelo funcionário André Barbosa. Todos foram muito bem acolhidos pela UFRRJ e prestaram-lhe significativa colaboração para os objetivos da Feira Cultural.

No espaço reservado aos alunos do Ensino Médio, o Sr. Keizo Akamatsu, antes de proceder-se ao workshop de origami, com a professora Leda Vaz, encareceu a importância do encontro com as escolas e solicitou do Diretor-Secretário lhes falasse sobre o ICBJ. Este reportou-se aos 61 anos de trabalho do Instituto Cultural Brasil-Japão, em prol do intercâmbio cultural entre os dois países e destacou um de seus carros-chefes, relacionado com o Ensino Médio: o Projeto “Concurso de Redação”.

Louvou a ESCOLA, como locus de formação para o exercício da cidadania, e a sala de aula, como espaço dialógico adequado à promoção do diálogo entre as culturas – e comentou os bons resultados obtidos junto às escolas com o apoio da SEEDUC, do Consulado-Geral do Japão, de algumas empresas e da Academia Brasileira de Letras, onde se fazia a entrega solene dos prêmios aos finalistas e semifinalistas do Concurso e a seus professores-orientadores, com a presença de autoridades, equipes da Secretaria de Educação, pais, professores e demais convidados.

Respondendo à pergunta de um aluno, explicou as razões da interrupção das edições do Concurso Cultural Brasil-Japão nos últimos anos e anunciou a retomada dos trabalhos em 2019. Passou-se, então, ao workshop de origami, com orientações e mostra de peças prontas. Os estudantes ficaram muito interessados e satisfeitos com os resultados que obtinham, sendo assistidos, em todo o processo, pela professora Leda Vaz e sua auxiliar Vany Theofilo.

Um pouco mais tarde, o ICBJ compareceu a outro espaço – um auditório – para falar aos universitários, alunos dos cursos de Jornalismo, Letras, Belas Artes e Relações Internacionais. O Sr. Keizo Akamatsu, Vice-Presidente do ICBJ, informado de que seu tema seria os 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil, apresentou-se como filho de imigrantes japoneses, nascido no pós-guerra, numa família numerosa. Prestou, então, um tocante depoimento, discorrendo sobre as agruras daquela época, o penoso trabalho na roça e o pacto feito com seus irmãos, com o estímulo de seus pais, de que, um dia, tornar-se-iam estudantes da USP – e diplomaram-se em Engenharia por aquela Universidade. Sob os aplausos da plateia, sensibilizada, encareceu a importância dos estudos e passou a palavra ao Sr. João Baptista de Oliveira, Diretor-Secretário, para que falasse um pouco sobre o Instituto Cultural Brasil-Japão.

Este reportou-se, inicialmente, aos idos de 1895 para citar o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, celebrado entre Brasil e Japão, em 5 de novembro de 1895, em Paris – início das relações diplomáticas e do intercâmbio cultural entre os dois países. Destacou, a seguir, o ano de 1908, quando, por novo acordo entre os dois países, deu-se início à imigração japonesa. Comentou a vitalidade das inter-relações e o surgimento, em 1936, do Instituto Brasileiro de Cultura Japonesa e do Sukiyaki Clube, entidades que congregavam, harmônica e fraternalmente, brasileiros e japoneses.

Comentou, a seguir, que a eclosão da 2ª Guerra Mundial provocara, em 1942, o rompimento das relações entre Brasil e Japão, que se encontravam em lados opostos, com o consequente retorno dos diplomatas ao Japão. Os imigrantes, no entanto, haviam permanecido no Brasil, sofrendo as agruras a que se referira o Dr. Keizo Akamatsu, em sua fala.

Informou que, alguns anos após o armistício, já no início dos anos 50, houvera a reabertura das embaixadas e o reinício das imigrações, dessa vez com técnicos, engenheiros e grandes empresas, tornando-se um período rico e produtivo. Aludiu à criação, em 1955, do Centro Cultural Brasil-Japão, integrado por jovens, como os que estavam na plateia, que tentavam resgatar o bom convívio entre brasileiros, japoneses e nisseis. Citou a posse do Embaixador Yoshiro Ando, na Embaixada do Japão, em 1956, e o apoio dado ao grupo do Centro Cultural Brasil-Japão, chamando-os para reuniões em que se criara um novo estatuto.

Disse que, em agosto de 1957, o Embaixador Yoshiro Ando enviara carta-convite ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, convidando para a sessão de fundação do Instituto Cultural Brasil-Japão; que havia solicitado ao seu amigo, o Embaixador brasileiro Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda que presidisse a sessão inaugural; que, naquela sessão, foram aprovados os estatutos da nova entidade e que Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, ao final da sessão, fora aclamado Presidente da nova instituição.

Observou que o ICBJ não tinha sede própria, reunindo-se na casa do embaixador japonês; que realizava projetos culturais para a Embaixada do Japão; que o Embaixador Yoshiro Ando conseguira a liberação de bens arrestados durante a guerra e que, com esses recursos, fora possível ao Governo Japonês doar ao ICBJ a sede social da Av. Franklin Roosevelt, onde, em 1958, ano do Cinquentenário da Imigração Japonesa no Brasil, ocorrera sua inauguração solene, com a presença do Príncipe Mikasa e da Princesa Yuriko, presentes na Cidade do Rio de Janeiro, a convite do Governo Brasileiro, para as festas do Cinquentenário.

Informou, ainda, que as atividades iniciais do ICBJ, em sua sede, tinham sido os cursos de língua e de artes japonesas, criados e ministrados pelo Diretor Cultural Teitaro Takahashi e pelas esposas dos embaixadores, Hideko Ando (do Japão) e Amnéris Pontes de Miranda (do Brasil); que essa iniciativa obtivera imediato sucesso, sendo muito procurada pela elite brasileira. Encareceu a importância dos atuais professores do ICBJ nessa área e louvou os 60 anos de dedicação do Instituto ao intercâmbio cultural – palavras-chaves da I Feira Cultural de Relações Internacionais da UFRRJ.

Destacando, por fim, as riquezas provenientes do Interculturalismo, falou de um dos carros-chefes do ICBJ – o Fórum Internacional de Meio Ambiente Brasil-Japão –, baseado nos exemplos de resiliência do Japão. Disse que o evento era coordenado pelo Dr. Keizo Akamatsu, ali presente, que se iniciara, em 2006, em parceria com a ALERJ, para sensibilização dos parlamentares e público em geral, através do Setor de Jornalismo e de TV da ALERJ; em 2007, procurara a PUC/RJ, para envolvimento das comunidades acadêmicas, convidando-se todas as universidades brasileiras; de 2008 em diante, até sua 8ª e última edição, com o BNDES, para convocação da classe empresarial e outros segmentos.

Salientou que, para a realização das edições do Fórum, convocavam-se técnicos e especialistas do Japão e do Brasil, com reconhecido know how em suas áreas, com o objetivo de intercambiar experiências, conhecimentos e tecnologias, reduplicando-se os resultados dos assuntos das palestras e debates e distribuindo-os às entidades interessadas.

Concluindo sua fala, congratulou-se com a UFRRJ pela feliz iniciativa da I Feira Cultural de Relações Internacionais; louvou a cultura feita e a cultura fazendo-se; dimensionou o sentido de cultura, que não se restringia a manifestações artísticas e intelectuais, mas que estava presente em coisas simples, como cumprimentar, comer, vestir-se etc. Enfocou o mundo pluralista de nossos dias e a diversidade cultural; as causas das migrações atuais; e a necessidade premente de promover-se o diálogo entre as culturas investindo-se nos valores essenciais do interculturalismo: tolerância, aceitação e respeito mútuos.

 

João Baptista de Oliveira
Diretor Secretário

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