O ICBJ vai celebrar no dia 09 de julho o Tanabata Matsuri. O Festival Tanabata desperta a curiosidade das pessoas que querem saber sobre a lenda que deu origem ao Tanabata, o porquê do nome Tanabata e como é a festividade no Japão.
Origem do Tanabata Matsuri
Para quem estuda japonês, o questionamento vem por conta da leitura dos kanjis. O Tanabata é um festival de origem chinesa, que chegou ao Japão durante a Era Heian (794 e 1185) e era celebrado pela corte, sendo restrito às classes sociais mais altas. O festival, mais tarde, na Era Edo (1603-1987), se popularizou e espalhou-se pelo território. Essa celebração foi um bom exemplo de como o Japão adaptou diversos costumes vindos de outros países, às práticas locais, tornando o simbolismo cultural dessas festas, muito importante.
O Festival Tanabata é uma celebração com base no Calendário Chinês, o exemplo mais antigo de registro cronológico da história. O Calendário Chinês é um calendário lunissolar, estabelecido de acordo com as fases da Lua e com ajustes periódicos para que não esteja totalmente dessincronizado com o ano solar. Geralmente, é adicionado um novo mês sempre que necessário, o chamado 13° mês lunar.
Originalmente, o festival chinês Qixi, remonta ao encontro anual do pastor e da tecelã segundo a mitologia: ambos seriam representações das estrelas Vega e Altair, que teriam se apaixonado e vivido um romance proibido, até que foram separados pela Rainha Mãe do Oeste com um rio prateado, a Via Láctea. Os amantes teriam então construído uma ponte de pássaros para tentarem se encontrar e, comovido, o Imperador Celestial teria permitido que o encontro acontecesse uma vez por ano. O festival começou a ser celebrado na China durante a dinastia Han, entre 202 AC a 220 DC.
A História do Tanabata
No Japão, a estrela Vega é chamada de Orihime Boshi e a estrela Altair, de Kengyuu Boshi. Assim como na China, inicialmente o festival era celebrado dentro da tradição astrológica chinesa e de acordo com o Calendário Lunar, no sétimo dia do sétimo mês de cada ano. O que fez com que a data fosse celebrada por volta do início de agosto durante muitos anos.
De acordo com as pesquisas, muito do que se conhecia sobre astronomia asiática durante os períodos que antecederam e foram contemporâneos à migração e transferência de costumes para o Japão era oriundo da China e da península coreana. A importação de práticas culturais que aconteceu do século VII ao século IX, foi um dos fatores fundamentais para a criação do império japonês, fortalecendo a classe dominante e demonstrando o poder desses indivíduos que possuíam costumes tão únicos e considerados refinados.
Também segundo pesquisadores, os festivais e celebrações sazonais na China que possuem datas com base no Calendário Lunar estão relacionados às estações civis e astrológicas, o que foi adotado também no Japão. A sazonalidade das celebrações fica bem clara quando paramos para avaliar as datas de celebração até mesmo no Japão contemporâneo: No início da primavera temos o Setsubun, comemorado em fevereiro; no início do verão, temos a Golden Week, celebrada no fim de abril; e, para o início do outono, temos o Tanabata e o Obon, celebrados, originalmente, no início de agosto.
A data do Tanabata é uma das grandes polêmicas relacionadas à celebração. No Calendário Lunar, o início do outono é caracterizado pela fase crescente da Lua e as estrelas Vega e Altair aparecem claramente no céu, “separadas” pela Via Láctea. Quando o Tanabata começou a ser celebrado no Japão, foi associado a valores japoneses específicos, especialmente ao plantio e à colheita, gerando um senso de união em torno do que era vital para a sobrevivência e, também, uma atividade da população comum.
O Tanabata Matsuri nos dias atuais
Hoje, esses valores são associados ao trabalho árduo e cooperativo, na ideia do “ganbatte”, e à noção de piedade filial e respeito aos antepassados, que representa parte muito importante da cultura oriental e chega ao Japão através da influência do Confucionismo. Porém, nos dias atuais, a celebração do Tanabata acontece no dia 7 de julho (7/7), de acordo com o Calendário Solar, muito distante do período de colheita e, muitas vezes, durante a estação chuvosa. As características astronômicas do festival foram perdidas ao longo dos anos em boa parte do Japão.
Ao norte de Tokyo, porém, acontece um dos mais famosos Tanabata do arquipélago, na cidade de Sendai. Lá, as características astronômicas do festival ainda se mantêm e as celebrações são realizadas em agosto, o que corresponde a uma data mais próxima da tradição inicial.
Sendai é um dos bons exemplos da importância, até mesmo psicológica, desses festivais para a sociedade japonesa. Em 2011, a cidade foi uma das áreas fortemente atingidas pelo Terremoto de Tohoku (tsunami).
O terremoto aconteceu em março daquele ano e, obviamente, as cidades ainda se recuperavam da tragédia quando a época dos festivais de verão chegou. Muitas das cidades da região cancelaram os festivais, por não terem condições de realizá-los, mas em Sendai foi diferente. A comunidade e o governo se uniram no esforço de realizar o festival a fim de reforçar um sentimento de continuidade, identidade local e tradição. A ideia de seguir em frente, mesmo após tamanho desastre (e sem jamais esquecer), foi a principal mensagem do festival daquele ano.
Escrito por: Marina Magalhães (@ninamagal)
GOSTOU DO POST?
E quer aprender mais sobre a História do Japão?
Conheça o nosso Cursos de História do Japão EAD. Clique na imagem para saber mais: