O V Sarau de Haikai & Haiku, realizado na sede social do Instituto Cultural Brasil-Japão, no dia 8 de junho de 2019, propôs-se informar seus convidados e demais participantes sobre o sentido da era que se iniciava no Japão, com a entronização do Príncipe Herdeiro Nahurito – a Era Reiwa!
Essa tarefa coube à Coordenadora de Cursos, Professora Sanae Hirose, que, partindo dos dois ideogramas que compõem a palavra Reiwa – Rei (bom, ordem) e Wa (paz, harmonia) – discorreu sobre a resiliência, a notável capacidade do povo japonês de prosperar, semelhante à das ameixeiras ante a chegada da primavera.
Convidado, a seguir, para falar um pouco sobre a história da Instituição, o Diretor-Secretário, Prof. João Baptista de Oliveira, observou que as tradicionais relações de amizade entre brasileiros e japoneses provinham do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, assinado pelos dois países, em Paris, em 5 de novembro de 1895 – início das relações diplomáticas e do intercâmbio cultural.
Lembrou a primeira imigração japonesa para o Brasil, em 1908; destacou o papel importantíssimo do Instituto Brasileiro de Cultura Japonesa e do Sukiyaki Clube, em 1936, na sedimentação dessa amizade, rompida com a eclosão da 2ª Guerra, visto que os dois países estavam em lados opostos – situação só resolvida anos após o armistício, mercê dos esforços de um grupo de brasileiros, japoneses e nisseis.
Reportou-se, a propósito, à fundação do Centro Cultural Brasil-Japão, em 1955, cuja proposta institucional, recebera, em 1956, o substancial apoio de Yoshiro Ando, nomeado, naquele ano, Embaixador do Japão no Brasil. Com esse aliado, discutiu-se a preparação de um novo estatuto, que resultaria na fundação, em agosto de 1957, do Instituto Cultural Brasil-Japão.
Considerando o mês de junho muito pródigo em comemorações, o Diretor-Secretário observou que o dia seguinte (09/06) era o Dia Nacional de Anchieta, o Patrono dos Professores, Fundador da Literatura Brasileira e iniciador da poesia lírica no Brasil. Aproveitou, então, para congratular-se com os professores do ICBJ, acentuando que os primeiros professores de Língua Japonesa e de Artes da Instituição haviam sido as esposas dos embaixadores do Japão (Hideko Ando) e do Brasil (Amnéris Pontes de Miranda), com Teitaro Takahashi, Diretor Cultural da época.
Disse ainda que, no dia 14/06, comemorar-se-ia mais um aniversário de inauguração da sede do ICBJ, doada pelo Governo Japonês por iniciativa do Embaixador Yoshiro Ando, que havia conseguido a liberação de verba, arrestada durante a guerra, para a compra daquelas salas, e que a inauguração acontecera com as presenças de SS.AA. Imperiais, o Príncipe Mikasa e a Princesa Yuriko Mikasa, que se encontravam no Rio de Janeiro para as comemorações do Cinquentenário da Imigração Japonesa.
Reportando-se ao evento – V Sarau de Haikai & Haiku –, que pertencia à área de Literatura, associou-o a José de Anchieta e louvou a atuação da 2ª Diretora Cultural, Maria Bernardina de Oliveira Silva, que, com a criação do “Tempo Literário”, havia preenchido um espaço reclamado, de há muito, pelo Instituto Cultural Brasil-Japão. Elogiou, igualmente, a atuação de sua equipe, formada por uma plêiade de jovens universitários, muito talentosos, inteligentes e participativos.
Observando que Literatura enquadrava-se no campo das Artes, discorreu sobre o papel catártico da Arte como meio de expressão das emoções, através de diversos veículos: o espaço (Arquitetura), a massa (Escultura), a linha e/ou cor (Pintura), o ritmo (Dança), o som (Música, Canto) – e a palavra (Literatura). Encareceu, então, o papel do artista como transmissor de sua cosmovisão (visão do mundo) e de seu sentimento do mundo no permanente diálogo com o leitor ou espectador.
Concluiu sua fala alertando para o fato de o mês de junho suscitar um alentador clima de enamoramento – 12/06, Dia dos Namorados – e trazer, ainda, a comemoração do “Dia do Imigrante Japonês” (18/06), destacando o importante intercâmbio cultural e de amizade entre os dois países.
Na sequência, a 2ª Diretora Cultural, Professora Maria Bernardina de Oliveira Silva, prestou contas do trabalho de sua área, destacando a criação do “Clube do Livro” e a atuação de sua equipe no Núcleo de Haikai do ICBJ. Passou, então, a palavra ao Diretor Artístico, David Leal de Almeida, para coordenar a parte artística do evento.
Este, com sua notória performance e presença de espírito, cantarolou ao violão, preparando a entrada em cena de sua convidada Gabi Buarque, que, de pronto, encantou a plateia com sua contagiante ternura e simpatia e um repertório muito envolvente, que mesclava canções brasileiras e japonesas. Uma de suas canções japonesas tocou profundamente o 2º Vice-Presidente, Sr. Takubunji Nakamura.
Solicitando a palavra, o Sr. Takubunji Nakamura justificou sua grande emoção despertada pela canção. Gabi Buarque, agradecendo-lhe as considerações, disse que se tratava de uma canção de ninar e comentou fato similar ocorrido com uma senhora no Japão. O Diretor-Secretário, a propósito, fez alguns comentários sobre Arte e Sinfronismo. Acentuou que, embora o sinfronismo estivesse mais ligado à Literatura, poderia ocorrer também com outros tipos de Arte.
Houve, a seguir, uma “Roda de leitura de haikai & haiku”. A 2ª Diretora Cultural explicou o que era haikai, citou haikaistas japoneses e brasileiros. Todos puderam escolher e apresentar seus haikais preferidos.
O belíssimo evento culminou com um animado coquetel de confraternização, quando todos puderam conversar, descontraidamente, saboreando os apetitosos petiscos preparados pela Diretora Satiko Sakatsume, com sua operosa e dedicada equipe. Parabéns, mais uma vez, ao Núcleo de Haikai & Haiku do Instituto Cultural Brasil-Japão! O evento foi nota DEZ! OMEDETOO!!!
João Baptista de Oliveira
Diretor Secretário